quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Quatro meses em Salvador da Bahia - virei brasileira? Claro que não, nem me sinto completamente confortável nesta cultura, mas pouco a pouco eu estou gostando e aceitando. Estava conversando com Baird outro dia acerca das diferenças entre aqui, os EUA, o Chile (onde ele estudou um ano há três anos) e a França (onde eu fui passar um ano ao mesmo tempo). Nós concordamos do par que o fato de não ter famílias com que estávamos afins se transformou num desgosto geral do Brasil, que só mudou com a mudança de família. Assim, eu sempre concordava com as pessoas entrevistadas pela Embratur que eu mais gosto da beleza natural, do clima e da ecologia daqui, porque mesmo não gostando de onde eu estava, não era possível não gostar de morar cerca de 50m da praia. Se você perguntar a qualquer turista aqui em Salvador por que eles escolheram esta cidade para visitar, acho que muitos vão dizer que é porque ouviram falar da beleza natural da Bahia.
A lista de coisas mais reclamadas pelos turistas no Brasil, numa pesquisa da companhia Embratur, seria interessante comparar com as dos estudantes de intercâmbio que, pouco a pouco, aprendem a manejar na cidade onde estão a fim de não ser mais "visitantes". Acho que, por exemplo, a "segurança pública" seria nomeada pelos estudantes como mais importante na lista de reclamações do que a "sujeira nas ruas" e "táxis" - por quê? De novo, Baird seria um bom exemplo do alvo de ladrão que sempre tem que prestar atenção extra e estar a par dos lugares por onde passa. Mas ele não é o único americano a ser roubado (várias vezes), e os brasileiros si mesmos são assaltados, assim eu mal tenho confiança na polícia militar que assiste a roubos e brigas sem fazer grande coisa. Quanto aos táxis, é raramente que eu pego - ando mais de ônibus, e em Salvador, pelo menos, tem um exército de taxistas que não se cansa. Ao contrário, eu reclamaria mais da falta de ferrovias e vôos do que os táxis; é por isso que o meu namorado nem vem até Salvador, vai direto ao Rio e vou o encontrar lá. Daqui a alguns meses, os meus pais devem chegar ao Brasil também, e temos que planejar como é que vamos de uma cidade a uma outra, tarefa difícil.
Em planejando, justamente, algumas viagens que eu quero fazer durante este ano, eu me dei conta de uma coisa que, eu acho, tem muito a ver com a reclamação principal da pesquisa da Embratur, ou seja, a falta de informações, que é que os Estados Unidos perdiram o contato humano entre a clientela e a empresa turística. Deixe eu esclarecer um pouco o que eu quero dizer: eu não lembro da última vez que eu falei com um agente de viagem antes de pegar um vôo ou reservar um hotel - tudo eu fazia na internet! Nunca tive contato direto com qualquer pessoa durante o processo inteiro, só com o teclado do meu computador. Por força do hábito de fazer tudo sozinha assim, mais ou menos, fiquei perdida quando não pude achar os preços dos hóteis no Rio de Janeiro. Foi só quando o meu pai (de intercâmbio) me disse que ligaria para a sua agência de viagem para consultar com o agente dele acerca dos vôos e dos hóteis que eu entendi. A internet facilitou as viagens mas me tornou dependente dela a ponto de não poder ligar pessoalmente para uma companhia aerea até eu descobrir que o site não aceitava cartões de crédito internacionais - o que me deixa perplexa ainda, porque eu quero saber como é que os não-brasileiros viajam dentro do país sem ter um CPF; eu paguei ao meu pai depois de ele comprar a passagem, mas se eu não tivesse ele? Aliás, eu não entendo o porquê de não permitir - é dinheiro, mesmo, não é? Enfim, aprendi que tenho que começar a esquecer a internet quando quiser viajar, só serve para dar ainda mais vontade de ir a um novo lugar através do Google "Imagens". Contudo, eu ainda prefiro o Wikipedia, cujas informações, sejam turísticas, científicas, ou humanas, me ajudaram muitas vezes a me orientar.

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