quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Gringa: Michelle

Bom. Vou falar o que é como é. Às vezes, tento fazer um texto lindo floreado, cheio de descrição elaborado com frases que cumprem cinco linhas, mas escrito um pouco, eu me canso e me pergunto por que eu tenho que complicar as coisas. Mas essa é a minha personalidade: saio de caixa de início de velocidade máxima só para, de repente, me dar conta que se eu continuar assim vou me exaurir antes de chegar ao final, e me acalme um pouco. Depois, me consolo dizendo que rolou melhor assim porque tive tempo para apreciar e aproveitar o que estava fazendo. Um fim-de-semana passado, por exemplo: planejei passar a sexta na praia do Flamengo e a sua cidade, sair de noite, ir para um filme e um show no sábado, sair de novo, visitar bairros de Salvador a pé no domingo. Rapaz, fiquei com preguiça e sono, tirei uma soneca na sexta, fui para a capoeira, passei a tarde de sábado no Porto da Barra (onde eu moro, realmente) e fiz um churrasco em casa com o meu "pai" no domingo - foi maravilhoso. Tive tempo para bater papo com amigos, família, etc., para relaxar-me da semana, é isso o fim-de-semana. De fato, o domingo é o meu dia preferido da semana, porque é o dia que todo mundo fica em família, sem fazer nada. É o dia designado para sair do "mundo real" e esquecer-se um pouco. Aliás, o meu nome é Michelle. Vou estar escrevendo neste blog. Prazer.

[Mal-entendido] NÃO se dança na rua.


Acho que o pior mal-entendido que tive aqui no Brasil foi quando minha namorada e eu fomos agredidos pelo vizinho dela. O que aconteceu foi o seguinte, Carla e eu estávamos voltando de uma pizzaria às 22 horas. Estávamos só 3 casas de chegar no portão da casa da minha namorada e eu estava brincando com ela como sempre faço. Estávamos no meio da rua e eu dancei por cerca de 3-4 segundos com minha bunda para fazer ela rir. De repente ouvimos o vizinho dela gritar de dentro da casa dele, me xingando. Eu só gritei "estou dançando com ELA!" Nós fomos rapidamente à casa de minha namorada e o velho continuou gritando nomes feios. Fiquei muito surpreso que ele gritaria tanto só por um mal-entendido como esse. Ele logo saiu da casa dele e nós corremos para abrir o portão da casa de Carla. Ele chegou antes de poder abrir o portão e me segurou pelo braço e continuou a me xingar na minha cara. Minha namorada e eu estávamos com medo porque ele tinha um olhar muito louco e parecia que ele ia me machucar. Tentei lhe acalmar e falei devagar e tentei lhe explicar que não o conhecia e que eu era dos Estados Unidos. Ele falou "Você é aquele cara!" e não deixou de repetir isso por cerca de um minuto. Minha namorada estava gritando para o velho que eu só estava brincando com ela e que não conhecia o velho e finalmente o homem deixou de segurar meu braço e foi rapidamente embora. Ao mesmo tempo em que ele foi, o pai da minha namorada acordou e estava com muita raiva e queria saber quem nos tinha assaltado. Ele queria ir e dar uma surra no velho mas a irmã de Carla não deixou ele ir porque todos tinham medo que poderia ficar mais feio. Minha namorada estava chorando o tempo todo e não deixou de chorar por 2 horas. Foi uma coisa muito louca. Tenho aprendido que não se deveria voltar andando tarde aqui ainda que seja perto, nunca se deveria brincar na rua porque nunca se sabe quando alguém vai lhe entender mal, e não se deveria dançar porque pode ofender outros. Eu acho que o velho reagiu assim porque ele tem sido abusado por outros jovens e ele pensou que eu era outro desses que queria perturbar. Eu também acho que ele tem problemas mentais porque quem ataca um casal que está dançando no meio da rua e que nem esta na frente da sua casa?! Agora tento sempre ter mais cuidado para não correr o riso de que haja outro mal-entendido como esse.

David Saide...Eu.








Eu me chamo David Saide. Sou um moço bastante alegre e bem humorado que tenta viver aproveitando todos os dias ao máximo. Me defino como um Mexicano Americano com raízes no Líbano, no México e nos Estados Unidos. Tenho vinte anos e estudo na Universidade de Iowa nos Estados Unidos. Faço dois cursos e meio. O "meio" curso é Português e estudo Estudos Internacionais com concentrações em Estudos da America Latina e Direitos Humanos
e também faço curso de Antropologia. Meus interesses incluem: aprender sobre outras culturas, viajar, fazer amizades com diversas pessoas, dançar Break-Dance e fazer competições de Break, fazer trabalho voluntário, falar Espanhol, Português e Îngles, tocar violão, sair e namorar com minha namorada Baiana (levamos mais de um ano juntos =) e às vezes fazer arte no computador. Estou adorando minha estadia no Brasil e estou aprendendo muito. Espero poder conhecer intimamente a cultura Brasileira e entender os pontos de vista dos Brasileiros quando voltar para os EEUU, e claro pretendo conhecer melhor a lingua Portuguesa.

Gringa No 1: Alida Louisa Perrine

Meu nome é Alida e tenho vinte anos. Sou do estado de Michigan onde eu estudo antropologia e história entre outras coisas. Eu me apaixonei pelo Brasil quando eu tinha dezesseis anos e eu morei aqui por cinco meses com meus pais que trabalhavam em Ribeirão Preto, SP. Se apaixonar é sempre uma péssima idéia e eu senti muitas saudades quando eu tive que voltar pros Estados Unidos. Não sou mais cega em relação aos aspectos feios da sociedade brasileira, mas continuo adorando o povo, a música, a paisagem e a língua do Brasil em termos gerais. Estou aqui de volta para ficar por um ano, aprender melhor o português e ter outra experiência brasileira com todos os aspectos maravilhosos e ruins que esse grande país tem para oferecer, dessa vez do jeito baiano.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Alguns links recomendados:

http://www.saladearte.art.br/ (para checar a programação dos cinemas do circuito Sala de Arte)
http://ibahia.globo.com/ (para programação cultural em Salvador/Bahia)
http://www.caralhaquatro.blogspot.com/ (para ler e se divertir, humor com sotaque baiano)
http://www.jangadabrasil.com.br/index.asp (para compreender um pouco mais a cultura brasileira tradicional)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Apresentação


Prezad@ Internauta,


“Para que mais um blog neste mundo?”, você pode estar se perguntando. Por que um professor de português para estrangeiros solicita a seus estudantes vindos dos Estados Unidos que tornem públicas algumas das suas inquietações, angústias, certezas, seus conflitos e pontos de vista em relação a uma língua e a uma cultura que resolveram conhecer mais profundamente?

Partindo do princípio de que o processo de ensino-aprendizagem se constrói coletivamente na interação entre professores e estudantes, este blog surge como uma possibilidade de tornar público muito do que tenho ouvido da boca (e lido em seus textos) de seis “figuras” que vieram diretamente dos Estados Unidos para, entre outras coisas mais nobres, provocar em mim reflexões sobre a minha própria condição de falante de uma língua e pertencente a uma cultura diferente da deles. Eu penso que os provoco também a refletir sobre sua condição. Trata-se de uma resposta à constatação de que o que eles escrevem merece sair da sala de aula e ganhar o mundo. E uma forma de devolver os carinhos e as birras de uma convivência em que há respeito e sinceridade.

A condição do professor de português para estrangeiros para uma turma exclusiva de estudantes dos Estados Unidos faz com que me sinta também um pouco estrangeiro. Afinal de contas, em sala de aula, sou eu o que nasceu em um país diferente (Salvador, Bahia, Brasil). Sou minoria, portanto. Isso facilmente se pode ver na própria construção deste blog. Tive várias idéias, dei sugestão de nome, indiquei procedimentos. Ao apresentar para os referidos estudantes, vi muito do que propus cair por terra, ser ressignificado, ou mesmo ser repetido, mas com outro sotaque, de forma que fui logo vendo que esse blog pode ser qualquer coisa, menos o meu blog. A língua é instrumento de negociação, eis a prova!

E não é que eles têm razão? Alida, Baird, David, Frank, Michelle e Owen[1], a partir de agora e pelo menos até o final de novembro, estarão aqui neste blog para partilhar com você muitas de suas idéias. E como eles têm idéias! São seis pessoas completamente diferentes que, o tempo todo, me mostram que nascer em um país é um dentre os muitos fatores que interferem na identidade de um indivíduo. Deve ser por isso que, apesar das muitas diferenças entre nós, é sempre um grande prazer estar entre eles. E se este blog é deles, o prazer é todo meu. Espero que você goste e comente, pois os comentários serão usados como referência para a criação de novos textos (mais uma idéia deles!). Portanto, você que nos visita também tem responsabilidades aqui.

E o que é mesmo “Boca pra fora”? Só lendo o blog para descobrir.

Até mais,

Alex Simões[2]

[1] Estudantes de diferentes universidades dos Estados Unidos, pelo programa de intercâmbio CIEE/Bahia (Council on International Educational Exchange - CIEE), coordenado pelo prof. Dr. Jeferson Bacelar
[2] Professor de português para estrangeiros do projeto de extensão PROPEEP(Programa de Pesquisa, Ensino e Extensão em Língua Portuguesa/Instituto de Letras da UFBa, coordenado pela profa. Dra. Iracema de Souza)